Uma breve análise sobre a humanidade em um ambiente de caos e desesperança
Por Wesley Bonato
Hoje no site, estrearemos um novo quadro, onde semanalmente escreveremos breves crônicas sobre games que nos impactaram de alguma forma e o que pudemos extrair destas obras tão singulares. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
UM CONTO SOBRE VINGANÇA E DESESPERANÇA
VEJA MAIS
- Primeira Crossplay Open Beta de “The First Descendant” disponível para download
- Review – Mortal Kombat 1
- Review – Sea of Stars
Em um mundo pós-apocalíptico, onde a humanidade enfrenta sua própria extinção, The Last of Us Parte 2 emerge como um conto sombrio de vingança entrelaçado com as complexas teias das relações humanas. Ellie, a protagonista, é impulsionada por um desejo insaciável de vingar uma perda devastadora, mas essa jornada leva a um mergulho profundo na alma humana.
Destes momentos de fúria, que aos poucos vão cegando a protagonista, há relances de memórias afetivas entre a protagonista e seu mentor, talvez os pouquíssimos resquícios de felicidade que Ellie busca em seu íntimo para lidar com a dor.
The Last Of Us Parte II nos recorda que a vingança, embora possa fornecer uma sensação momentânea de satisfação, frequentemente desencadeia um ciclo interminável de violência e sofrimento. A narrativa habilmente tece relacionamentos quebrados, amizades despedaçadas e laços familiares testados. O vínculo entre Ellie e Joel, moldado por eventos do primeiro jogo, é um exemplo fascinante, e em muitos momentos melancólico, de amor e perdão em meio à tragédia.
À medida que a trama se desdobra, somos confrontados com escolhas morais difíceis e suas consequências cruéis a partir da perspectiva de cada jogador, destacando a complexidade das relações humanas e suas particularidades intrínsecas em um mundo cruel e desolado. O jogo nos lembra que, mesmo nas situações mais sombrias, a empatia e a compreensão são poderosas ferramentas para quebrar o ciclo de vingança.
UM CONTO SOBRE ESPERANÇA E REDENÇÃO
Mas como nem tudo é lamento e desolação, em meio a todas às adversidades, a relação entre Abby (a outra protagonista do game) e Lev (seu parceiro de jornada) é um dos aspectos mais tocantes do jogo. É uma conexão que se forma em meio ao caos e à violência, uma aliança improvável que se transforma em uma amizade genuína e intensa. O cuidado e a proteção que Abby oferece a Lev servem como a representação de que, mesmo em um mundo quebrado, de forma até mesmo irremediável aos olhos de muitos telespectadores, humanos ainda podem encontrar força para cuidar umas das outras e aceitarem as distinções entre sua própria espécie.
Contudo, essa esperança não é entregue de bandeja. Ela é conquistada através de escolhas difíceis e sacrifícios dolorosos. Abby e Lev enfrentam desafios quase insuperáveis, mas sua determinação em sobreviver e encontrar um refúgio seguro mantém acesa a chama da esperança.
O game nos lembra também, em contraponto à seu universo desolado e melancólico, que a esperança não é um luxo em tempos sombrios; é uma necessidade. É o que mantém a espécie humana indo em frente, mesmo quando tudo parece perdido ou até mesmo perda de tempo. E, ao explorar o relacionamento de Abby e Lev, nos é mostrado que a esperança pode ser encontrada nas conexões humanas, na empatia e na disposição de se redimir frente aos seus próprios pecados.
UMA LIÇÃO SOBRE “HUMANIDADE”
Em última análise, The Last of Us Parte 2 nos lembra não somente que a vingança pode ser um caminho tentador, mas as relações humanas e a busca pela redenção podem ser ainda mais poderosas. Mas também é um retrato brutal e impactante de nossa natureza complexa, oferecendo uma reflexão profunda sobre o que significa ser humano em um mundo caótico. Trazendo duas importantes questões, ceder aos impulsos hediondos, ou buscar a redenção em meio ao mundo cruel e sombrio?